Por EcoNews Jornalismo e Mídia
Essa manifestação, repleta de falsas alegações, distorções e uma retórica autoritária, não apenas desrespeita as instituições democráticas brasileiras — notadamente o Supremo Tribunal Federal (STF) — como também atenta contra as normas mais básicas da diplomacia internacional e do comércio exterior regulado pela Organização Mundial do Comércio (OMC).
Tentativa de ingerência política sobre o Judiciário Brasileiro
Ao se posicionar contra o julgamento de Jair Bolsonaro, Trump ataca diretamente a autonomia do Poder Judiciário brasileiro, insinuando que o processo judicial conduzido pelo STF é parte de uma “caça às bruxas”. Esquece-se Trump que o Brasil é uma democracia soberana, com instituições que funcionam dentro da legalidade constitucional. A responsabilização penal de Bolsonaro não é uma perseguição política — é o desdobramento jurídico de uma tentativa golpista contra a ordem democrática, embasada por provas contundentes de articulações ilícitas, reuniões militares e falsificações de documentos.
O uso mentiroso de dados econômicos para justificar sanções
Trump alega que os EUA mantêm com o Brasil uma relação comercial injusta e deficitária. Nada mais falso. Segundo dados do próprio Departamento de Comércio dos EUA e do Ministério da Fazenda do Brasil, os Estados Unidos acumulam superávits comerciais superiores a US$ 400 bilhões nas últimas duas décadas. O Brasil é um importante parceiro comercial dos EUA, fornecendo commodities, produtos agrícolas, minerais e industriais que abastecem cadeias produtivas essenciais em solo americano.
Trata-se, portanto, de uma falácia grosseira usada como pano de fundo para justificar sanções econômicas ilegais, fora dos parâmetros da OMC.
A retaliação geopolítica ao avanço do Brasil nos BRICS
É impossível analisar esse episódio fora do contexto geopolítico. Sob a liderança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Brasil vem notadamente se destacando na liderança dos BRICS e promovendo uma política externa multilateral, com foco em soberania, cooperação Sul-Sul, sustentabilidade e autonomia tecnológica. Esse movimento incomoda setores neocolonialistas nos EUA, que sempre se beneficiaram de uma relação assimétrica com países em desenvolvimento.
A retórica trumpista não tem respaldo legal, diplomático nem econômico. Trata-se de uma chantagem pública, articulada para desgastar o governo Lula e reabilitar a imagem de um ex-presidente brasileiro investigado pela justiça, por tentativa de um golpe de Estado, entre outros crimes.
O ataque velado à legislação brasileira sobre fake news e redes sociais
Trump também utiliza como argumento o combate brasileiro à desinformação digital — algo que sua gestão nos EUA jamais priorizou — para justificar a imposição de tarifas. A verdade é que o Brasil, ao regulamentar as plataformas digitais e responsabilizar redes que promoveram ataques à democracia, age em conformidade com sua Constituição. Não é papel dos EUA opinar sobre as decisões do STF ou do Congresso Nacional.
O Brasil não permitirá que uma potência estrangeira interfira em suas leis internas sob o pretexto de “liberdade de expressão”. A liberdade termina onde começa o crime de ódio, o racismo, o incentivo à violência e à sabotagem institucional.
O Brasil não se curvará: é hora de aplicar a Lei da Reciprocidade
Diante da ameaça de sanções, o governo brasileiro já sinalizou que não aceitará esse tipo de imposição imperialista. Caso os EUA realmente avancem com essa medida, o Brasil tem o direito legítimo de, com respaldo na OMC e em tratados bilaterais, aplicar a Lei da Reciprocidade.
Entre as medidas cabíveis, o Brasil poderá:
- Aplicar tarifas equivalentes a produtos norte-americanos;
- Acionar formalmente os mecanismos de solução de controvérsias da OMC;
- Retirar benefícios fiscais, tributários e operacionais de empresas americanas no Brasil;
- Reforçar laços comerciais com os BRICS, União Europeia, África e América Latina, reduzindo a dependência do mercado americano.
A sociedade brasileira deve estar vigilante e unida
Não se trata apenas de um embate comercial. Trata-se da dignidade de uma nação. A postura do ex-presidente americano é uma afronta à democracia brasileira, ao nosso sistema judiciário e ao nosso direito de construir um projeto nacional soberano e independente. É hora de mobilizar os setores produtivos, empresariais, sindicais, sociais, acadêmicos e diplomáticos para rechaçar esse abuso.
O povo brasileiro já enfrentou ditaduras, pressões internacionais e crises econômicas profundas. E sempre resistiu. Agora, mais do que nunca, é hora de erguer a voz da soberania nacional e dizer, com firmeza: o Brasil não se curva.
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