Dinalva Heloiza
O julgamento que se desenrola no Supremo Tribunal Federal (STF) contra Jair Bolsonaro e seus aliados não é apenas mais um episódio na turbulenta história política brasileira: trata-se de um marco sem precedentes — e inspirador — para a democracia nacional.
A imprensa internacional
acompanha esse julgamento como um divisor de águas. O Washington Post
ressaltou o caráter histórico do processo: “Desde a sua fundação, o espectro do
autoritarismo paira sobre o Brasil [...] Mas ninguém na história do Brasil —
nem general nem político — jamais foi julgado em um tribunal por subverter a
vontade do povo.”
O New York Times, por sua
vez, descreveu o episódio como “Como Tentar, e Fracassar, Dar um Golpe”,
destacando que as “evidências sugerem que foi assim que ele tentou” após a
derrota eleitoral de 2022. O jornal afirmou que o caso representa “um teste
crucial para a jovem democracia do país” e que “é quase certo que ele será
considerado culpado e poderá enfrentar décadas de prisão.”
Ainda na Europa, o The
Guardian enfatizou que “pela primeira vez na história brasileira, figuras
tão poderosas enfrentam a Justiça por tentarem derrubar a democracia do país”,
lembrando as mais de uma dúzia de tentativas de golpe desde 1889 e o golpe de
1964. Já o El País sintetizou o cenário com a frase: “Nunca antes um ex-presidente
ou militar brasileiro havia sido responsabilizado por um golpe. Até agora.
Outros veículos, como The
Economist, ampliaram a narrativa: ao estampar Bolsonaro na capa com
temática simbólica, afirmou que o Brasil está dando “um exemplo de maturidade
democrática aos Estados Unidos”.
Por que esse julgamento importa — e muito!
Além disso, a dimensão simbólica
é poderosa. Ver a Força Judiciária convocar um ex-presidente e seus aliados, em
grande parte militares do alto escalão das Forças Armadas, à barra da Justiça
por crimes tão graves sinaliza: ninguém está acima da lei, e a democracia deve
ser protegida com unhas e dentes.
Esse julgamento, além de inédito,
se configura como um ponto de inflexão. O que está em jogo não é apenas o
destino de um político controverso, mas a reputação das nossas instituições e o
caráter da nossa democracia. Manter esse processo aberto, com evidências
robustas, acusações claras e ampla repercussão internacional, é um sinal
pungente de que o Brasil pode, sim, romper ciclos de impunidade e oferecer à
sociedade um futuro mais justo e responsável.
A partir de terça-feira (9), o colegiado
da Primeira Turma do Supremo vai iniciar a votação que pode condenar Bolsonaro
e os demais réus a mais de 30 anos de prisão.
Pesam contra os acusados a
suposta participação na elaboração do plano Punhal Verde e Amarelo,
com planejamento voltado ao sequestro ou homicídio do ministro Alexandre de
Moraes, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice-presidente, Geraldo
Alckmin.
Também consta na denúncia da PGR
a produção da chamada “minuta do golpe”, documento que seria de conhecimento de
Jair Bolsonaro e serviria para a decretação de medidas de estado de defesa e de
sítio no país para tentar reverter o resultado das eleições de 2022 e impedir a
posse do presidente Lula.
Os acusados respondem pelos
crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do
Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência
e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado. Em caso de
condenação, as penas podem chegar a 30 anos de prisão.
Fontes citadas:
- Agência Brasil (matéria “Imprensa internacional
destaca ineditismo do julgamento de Bolsonaro”) (Panorâmica News)
- Veículos internacionais: Washington Post, New
York Times, The Guardian, El País, The Economist
(via Agência Brasil) (Panorâmica News, Congresso em Foco, El País)
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