Dinalva Heloiza
O Brasil atravessa uma ferida aberta: a violência contra mulheres não apenas persiste, como se reinventa em formas ainda mais brutais. Os episódios recentes em São Paulo — três casos gravíssimos em apenas 72 horas — não são fatos isolados, mas sintomas de uma mesma doença social: o machismo estrutural que insiste em transformar mulheres em alvo, ameaça e propriedade.
De norte a sul do país, as histórias se repetem com tramas diferentes, mas com o mesmo enredo: homens incapazes de lidar com frustração, rejeição ou autonomia feminina. Homens ensinados, desde cedo, a confundir amor com posse, e respeito com controle. Homens que nunca foram convidados — ou obrigados — a revisitar seus próprios padrões emocionais, afetivos e sociais. É dessa fábrica de masculinidades violentas que nascem os feminicídios.
