Por Dinalva Heloiza
Há quase meio século, inúmeras
vozes ecoam contra a contínua devastação do Cerrado, um dos maiores biomas da
América Latina, mas essa segue ininterrupta, e com um poderio cada vez maior. Em
2001 visando preservar áreas de raríssimas belezas naturais daquela região a exemplo
da Chapada dos Veadeiros e o Parque Nacional das Emas, a UNESCO fez o reconhecimento
das mesmas como Sítios do Patrimônio Natural da Humanidade, garantindo a vital
permanência dessas áreas para a manutenção da biodiversidade da região do
Cerrado em flutuações climáticas futuras.
No mesmo paralelo, mas em luta milenar,
a mulher sofre para se desvencilhar das armadilhas do velho e arcaico machismo,
alguns avanços já ocorreram, mas muito ainda se tem por conquistar.
Mas, acredito fortemente em mudanças
e quando chega o tempo delas acontecerem, o inesperado até vira rotina, e foi
justamente esse insight que me alcançou quando pousei meus olhos no incrível
projeto da fotógrafa Mel Melissa Maurer, em “O Caminho do Cerrado”.
Melissa é turismóloga por
formação e fotógrafa por paixão, natural de Brasília, onde residiu até 2004, data
em que definitivamente partiu a procura dos bons ares da Chapada dos Veadeiros,
na paradisíaca Alto Paraíso em Goiás.
Apaixonada pela natureza de(o)
ser, Melissa se iniciou na arte da fotografia de forma despretensiosa, e há um
ano e meio ela deu início há um ensaio fotográfico, intitulado “NUde”, onde retrata
o corpo nu, despido de traumas, medos, julgamentos e preconceitos, em
integração com a natureza.
A partir dessa experiência e durante
viagens, onde a artista presenciou a devastação gradativa do cerrado e a
potencial expansão do agronegócio, ela idealizou o Projeto - O Caminho do
Cerrado.
O lançamento do conteúdo vem ocorrendo
desde o dia 05 de Junho, o Dia Mundial do Meio Ambiente, simultaneamente no
blog e redes sociais do projeto, até o momento o conteúdo já ultrapassou 20 mil
visualizações e as fotos estão sendo liberadas, aos poucos.
O Projeto
Com um total de sete sessões, em torno de 8.000 cliques, 500 imagens selecionadas e editadas mais de 103.427 pessoas alcançadas no Facebook, 7.555 visualizações no Blog oficial, são esses alguns dos números alcançados por esse trabalho de Melissa em parceria com a amiga e a
modelo do projeto M.M.G., e que vem agregar um conjunto de vozes ao imperativo deste
manifesto.
O Caminho do Cerrado, de Melissa Maurer, é um
convite à reflexão e um grito de alerta sobre o cenário atual do bioma, o
Projeto é de cunho artístico, ilustrativo e denunciativo sobre essa devastação
crescente gerada principalmente pelo agronegócio. É um alerta sobre a
aproximação e extensão dessas atividades por todo o percurso entre Brasília e o
município de Alto Paraíso de Goiás na Chapada dos Veadeiros.
- Conversei com Melissa, e aqui ela fala um pouco mais sobre ela e sua
incrível jornada em “O Caminho do Cerrado”.
“Um trabalho forte, chocante,
revelador, que alerta e tem o intuito de mudar a visão sobre “O caminho” que a
humanidade deve percorrer para manter-se em equilíbrio e proteger as futuras
gerações. Um registro que nos leva a refletir sobre como agregar a
sustentabilidade às atividades rurais e ao agronegócio, visando possibilitar
menores impactos ao meio ambiente por meio da preservação do cerrado, esse
bioma tão importante para o nosso planeta”. A reflexão é: “Onde chegaremos caminhando dessa forma?
Existem outros caminhos a seguir?”
Brasil EcoNews - Melissa você tem formação em turismo e é
fotógrafa, com uma incrível sensibilidade artística, como foi trilhar os
primeiros passos fotografando o nu?
Melissa - Sempre gostei de fotografia, vivo há 12 anos em um dos
lugares mais belos do Planeta - a Chapada dos Veadeiros, sempre fotografei a
natureza da região, e comecei a fazer ensaios fotográficos profissionais
(tradicionais, ou seja, com roupas). Há 01 ano e meio uma grande e querida
amiga me convidou para um fazer um ensaio dela nua, para tratar feridas
emocionais profundas e aceitação consigo, gostei muito da experiência, queria
colocar meu trabalho a serviço de algo maior, foi quando veio a ideia de fazer
um trabalho artístico que conectasse o ser a natureza, surgiu o NUde, desde
então as portas se abriram para este universo.
Brasil EcoNews- Quando e como surgiu esse insight em desenvolver o
Projeto “O Caminho do Cerrado”?
Melissa - Vivendo em Alto Paraíso viajo muito para Brasília para
visitar minha família e amigos, acompanhei a devastação do Cerrado ao longo
desses anos, é muito triste ver que a estrada que liga a capital do Brasil a um
Patrimônio Natural da Humanidade está nessa situação. Percebi com o crescimento
do movimento turístico na região, que as pessoas se motivam a vir para o
Ecoturismo e a busca espiritual e mística, mas muitas vezes não reparam no
caminho de devastação até o destino final. Decidi unir meu olhar a essa
denúncia.
Brasil EcoNews - Quanto tempo durou a elaboração do Projeto e quais
os desafios do mesmo?
Melissa - Desde que convidei a minha amiga para ser modelo do
projeto foram 03 meses até o lançamento. Contamos com o apoio de muitos amigos
(voluntariamente) a realização. Todos os custos financeiros foram cobertos por
nós (eu e a modelo).
Brasil EcoNews - O que podemos aguardar do Projeto, nesse duplo
manifesto que retrata “O Caminho do Cerrado”?
Melissa - Estamos finalizando o lançamento digital, temos muita
vontade de fazer uma exposição e até mesmo uma publicação, mas estamos
caminhando com calma, buscando apoio de mídias e instituições com o mesmo
objetivo, denunciar a devastação para preservar o Cerrado.
Brasil EcoNews - Como você vê a repercussão de seu trabalho, onde o
corpo vira tela e a tela se integra a natureza, um cenário devastado e
imperativo em preservação, em um momento onde grande parte de nossa sociedade
se levanta em defesa aos direitos da mulher?
Melissa - O objetivo do projeto era chamar atenção para a
devastação do Cerrado, infelizmente tirar uma foto linda de uma plantação de
soja e tratores trabalhando, não teria a repercussão que desejávamos.
Trabalhando com a Nudez percebi que todas temos traumas, medos, vergonhas,
tabus, vivemos em uma sociedade machista, perdemos o respeito e a conexão com a
natureza do(e) ser, o nu busca resgatar isso. Considero todo e qualquer ser
vivo, sagrado, independente do biótipo, do sexo, da preferência política ou
religiosa. Acredito no direito da mulher de ser livre (de verdade) para ser e
fazer o que quiser, respeitando sempre o próximo, e principalmente a si mesma.
Conheça O Caminho do Cerrado - Projeto fotográfico de Mel Melissa
Maurer, de cunho artístico e denunciativo sobre a devastação crescente do
Cerrado gerada principalmente pelo agronegócio. É um alerta sobre a aproximação
e extensão dessas atividades por todo o percurso entre Brasília e o munícipio
de Alto Paraíso de Goiás - Chapada dos Veadeiros.
Um trabalho forte, chocante,
revelador, que alerta e tem o intuito de mudar a visão sobre “O caminho” que a
humanidade deve percorrer para manter-se em equilíbrio e proteger as futuras gerações.
Um registro que nos leva a refletir sobre como agregar a sustentabilidade às
atividades rurais e ao agronegócio, visando possibilitar menores impactos ao
meio ambiente por meio da preservação do cerrado, esse bioma tão importante
para o nosso planeta. A reflexão é: Aonde chegaremos caminhando dessa forma?
Existem outros caminhos a seguir?
Outro aspecto não menos
importante do projeto é a exposição do feminino que tem sido tão banalizado e
erotizado em nossa sociedade patriarcal, o tabu da nudez e o resgate da
sabedoria e do empoderamento feminino, da liberdade das mulheres serem o que
são da forma que quiserem ser, sem se sentirem ameaçadas ou inferiores.
O projeto foi lançado
digitalmente no dia do Meio Ambiente (05.06.2016) e durante toda a semana do
meio ambiente terá postagens diárias do caminho.
Contatos da autora do Projeto - Mel Melissa Maurer
Mel Melissa Maurer -
62.99619.8103 vivo / whatsapp
E-mail: chapadadosveadeiros@gmail.com
O Caminho do Cerrado
E-mail: caminhodocerrado@gmail.com
Genial e chocante esta VISÃO, estas visões/imagens de um HOLOCAUSTO! O holocausto da grande beleza do Cerrado ás voltas da Chapada dos Veadeiros!
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