Funcionários das Nações
Unidas destacaram durante encontro realizado na sexta-feira (30) o papel fundamental das organizações de mulheres e grupos da sociedade
civil na prevenção da violência e na resolução de conflitos, salientando que suas
contribuições são vitais para a construção de um mundo pacífico e devem ser
reforçadas.
“Precisamos garantir que as
mulheres tenham a oportunidade de desempenhar plenamente seu papel na paz e na
segurança”, disse a Diretora Executiva da Entidade das Nações Unidas para a
Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres (ONU Mulheres), Michelle
Bachelet, em um debate do Conselho de Segurança sobre mulheres, paz e
segurança.
Ela observou que sempre que
há conflito, seja no Mali, na Síria, no Oriente Médio, ou no leste da República
Democrática do Congo (RDC), “as mulheres devem ser parte da solução”.
O debate de hoje, que estava
inicialmente previsto para o final de outubro, foi adiado devido as
consequencias provocadas pelo furacão Sandy, e marca o 12 º aniversário da
resolução 1325 do Conselho de Segurança, que pediu pelo engajamento das
mulheres na resolução de conflitos e na construção da paz.
Na resolução 1325 o Conselho
pediu à comunidade internacional para dar às organizações femininas da
sociedade civil um papel de destaque na negociação, planejamento e
implementação de processos de paz e de programas de desenvolvimento
pós-conflito.
Mulheres
pela paz e segurança
Em seu relatório anual sobre
mulheres, paz e segurança, o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, destacou um
número crescente de exemplos inspiradores de mulheres em ação pela paz e
segurnça. Em países como o Quirguistão, Timor Leste, Haiti, Sudão do Sul,
Libéria, Nepal e muitos outros, as mulheres estão liderando abordagens
inovadoras para a prevenção de conflitos e violência e construindo a paz em
suas comunidades.
Bachelet, que apresentou o
relatório, destacou que os grupos de mulheres no Mali estão fazendo agora
contribuições para soluções não violentas para a crise no país, que está
dividido desde que os rebeldes tomaram o controle do norte no início deste ano.
“Apesar de sua ausência nas resoluções oficiais de processos de conflitos, as
mulheres líderes no Norte estão usando canais informais para chamar os líderes
de grupos armados para participar de diálogos de paz”, observou ela.
“Apenas duas semanas atrás”,
ela acrescentou, “cerca de mil mulheres líderes e membros de grupos da
sociedade civil se reuniram em Bamako e entregaram um apelo comum para a paz,
expressando a solidariedade entre as divisões étnicas e recomendaram medidas
específicas para proteger os direitos das mulheres e prevenir a violência
contra mulheres e crianças”.
Bachelet pediu aos líderes
mundiais para fornecer uma liderança determinada, recursos dedicados e
oportunidades diretas para que as mulheres contribuam para a manutenção da paz
e segurança.
Em suas observações para o
evento, o Subsecretário-Geral para as Operações de Manutenção da Paz, Hervé
Ladsous, disse que as missões de paz da ONU apoiaram progressos importantes em
algumas áreas, nomeadamente a participação política das mulheres em nível local
e nacional. Em outras áreas, como a proteção de mulheres ativistas, mais
poderia ser alcançado.
5
mil mulheres contra rebeldes da República Democrática do Congo
Bachelet descreveu como, há
uma semana, cerca de 5 mil mulheres inundaram a principal avenida comercial em
Kinshasa, capital da RDC, para protestar contra a queda da cidade provincial de
Goma para o grupo rebelde do Movimento 23 de março (M23) – o protesto não
violento mais maciçamente organizado no país após a queda da cidade.
“No entanto, às mulheres não
têm sido dada qualquer influência política nas negociações regionais destinadas
a levar a paz as partes em apuros no leste do país”, acrescentou.
No preparativos para o
debate do Conselho, mulheres ativistas e organizações de mulheres se reuniram
com as lideranças da ONU em mais de 20 países, facilitadas pela ONU Mulheres, o
Departamento de Operações de Manutenção da Paz (DPKO), o Departamento de
Assuntos Políticos (DPA) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
(PNUD), para discutir os desafios e fazer suas recomendações sobre questões
relativas às mulheres, paz e segurança.
Com informações da ONU Mulheres
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