Publicado originalmente em Le Monde Diplomatique Brasil
Grandes agentes na proteção da biodiversidade, os povos indígenas detêm recursos genéticos, mas também saberes tradicionais que interessam às indústrias da “economia verde”. Esses saberes são hoje submetidos a uma lógica de mercado apoiada por escritórios de patentes que incentivam sua colocação em bancos
por Clara Delpas, Pierre-William Johnson
Por muito tempo marginalizados ou integrados à força na comunidade internacional, os povos indígenas tiveram dificuldade em se fazer ouvir nas discussões a respeito da proteção da biodiversidade. Foi em 1992, quando a ONU reconheceu que eles tinham um “papel vital na gestão do meio ambiente e do desenvolvimento, por causa do seu conhecimento do meio e de suas práticas tradicionais” (trecho do Princípio 22 da Declaração do Rio), seus saberes adquiriram paralelamente uma forma de reconhecimento oficial por parte da comunidade científica.