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quinta-feira, dezembro 15, 2016

OIT - Organização Internacional do Trabalho, Agência das Nações Unidas para o Trabalho, lançou esta semana, o novo Relatório Panorama Laboral da América Latina e Caribe de 2016.

Dinalva Heloiza

O relatório anual lançado esta semana pela OIT indica que a taxa média de desocupação da região atingiu 8,1%, com 25 milhões de pessoas à procura de trabalho sem sucesso.



A taxa de desocupação da América Latina e do Caribe atingiu 8,1% em 2016, o nível mais alto em uma década, num contexto de contração econômica que também afetou a qualidade dos empregos, este foi um dos destaques da Organização Internacional do Trabalho (OIT) ao apresentar em Lima, no Peru, seu relatório anual sobre o mercado de trabalho na região.

Essa taxa é 1,5 pontos percentuais mais alta do que o apresentado em 2015, quando foi de 6,6%, e implica que cerca de cinco milhões de pessoas se juntaram às filas do desemprego, o  que agora afeta 25 milhões de trabalhadores, diz o relatório Panorama Laboral 2016 da América Latina e do Caribe , publicado no final de cada ano há mais de 20 anos pelo Escritório Regional da OIT, com sede em Lima, no Peru.

"O panorama laboral da região se deteriorou em 2016: há um aumento abrupto em desocupação, a informalidade está crescendo e a qualidade dos empregos caiu", disse o Diretor Regional da OIT, José Manuel Salazar. Ele acrescentou que, ao final deste ano, se detecta "uma realidade preocupante de retrocessos e impactos negativos sobre vários indicadores".

"Embora existam diferenças importantes entre os países e sub-regiões, em média este é o pior ano em uma década para a região, tanto em termos de crescimento econômico como de taxa de desemprego", disse o Diretor Regional da OIT. "A contração econômica reduziu a geração de emprego", destacou Salazar, observando que há preocupação, que, caso as projeções de crescimento lento para 2017 se cumpram, o desemprego subirá novamente no próximo ano para 8,4%.

O relatório da OIT ressalta que o aumento da desocupação ocorreu num contexto de contração econômica entre -0,6% e -0,9% prevista para 2016 pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe(CEPAL), respectivamente.

A média regional de crescimento econômico reflete realidades diferentes, segundo o relatório, pois há tanto taxas positivas na América Central, no Caribe e no México, quanto contração na América do Sul, especialmente no Brasil, país onde vive cerca de 40% da população economicamente ativa de toda a região e que, portanto, influencia fortemente a média da América do Sul e de toda a região.

No que diz respeito ao aumento do desemprego, enquanto também há situações nacionais diversas, em 2016 se detectou "um fenômeno predominante a nível regional", já que houve um aumento da taxa em 13 dos 19 países com dados disponíveis para o terceiro trimestre do ano.

O aumento da desocupação afetou mais as mulheres. O aumento da taxa de desemprego das mulheres foi de 1,9 pontos percentuais, chegando a 9,8%, no limite dos dois dígitos pela primeira vez em uma década.

No caso dos jovens, o Diretor Regional da OIT considerou como "extremamente preocupante" o aumento de quase 3 pontos percentuais que deixou a taxa média de desemprego juvenil em 18,3%, novamente o valor mais elevado em uma década. Neste momento, o desemprego entre os jovens é 3,1 vezes maior do que entre os adultos com mais de 25 anos de idade.

Desta vez, o relatório anual da OIT também inclui dados mais recentes sobre a informalidade. Em 2015, houve um ligeiro aumento da taxa, de 46,5% para 46,8%. O relatório adverte que esta tendência de crescimento da informalidade continuou em 2016.

"Estimamos que exista atualmente cerca de 134 milhões de trabalhadores ocupados em condições informais, um fenômeno persistente em nossa região, o que representa um desafio em grandes dimensões para os formuladores de políticas", comentou Juan Chacaltana, especialista regional da OIT em emprego, que coordenou a elaboração do Panorama Laboral 2016.

A OIT afirma também no relatório, que outros indicadores de deterioração da qualidade do emprego são a redução do emprego assalariado privado, que caiu -0,7 pontos percentuais em 2016, e o aumento de 0,5 pontos percentuais no trabalho por conta própria, “associado com as condições de trabalho de menor qualidade”.

O relatório também observa que os salários médios reais da região caíram em média -1,3% em 2015. De acordo com dados disponíveis para oito países, no terceiro trimestre de 2016, essa tendência está se mantendo neste ano, pois há indícios de queda dos salários no setor formal.

Por outro lado, os valores reais dos salários mínimos registraram um aumento de 4,4% em média. Em 14 dos 16 países com informações sobre o terceiro trimestre de 2016 se observou um aumento, resultado dos esforços para aumentar os salários mínimos acima da taxa de inflação.

Os indicadores de 2016 comprovam que, "nos últimos dois anos, tem acontecido um retrocesso em parte dos avanços no mercado de trabalho conquistados pela região na década anterior", disse Salazar.

"Embora com diferentes combinações e graus de urgência, os países da América Latina e do Caribe enfrentam um desafio duplo: por um lado, respostas de curto prazo para mitigar os impactos sociais e trabalhistas negativos da desaceleração e retornar a uma trajetória de crescimento e, por outro, ações para resolver os problemas estruturais de baixa produtividade e falta de diversificação produtiva", comentou Salazar.

O Panorama Laboral é elaborado pelo Escritório Regional da OIT, usando dados provenientes de fontes oficiais de cada país, coletados e processados para a produção de médias regionais pelo Sistema de Informação e Análise Laboral para a América Latina e o Caribe (SIALC-OIT), sediado no Panamá.

Para acessar o relatório completo (disponível em espanhol), clique aqui .

Com informações da ONU Brasil e OIT - Organização Internacional do Trabalho


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