Dinalva Heloiza
O Reconhecimento chama atenção para as relações peculiares entre cidade e natureza que são observadas na capital fluminense. A Cerimônia de entrega do certificado da Agência da ONU - a UNESCO, aconteceu na terça-feira (13), aos pés do Cristo Redentor.
Vice-Prefeito do Rio de Janeiro Adilson Pires e Patrícia Pires, coordenadora de cultura da UNESCO no Brasil.
O Rio de Janeiro recebeu na tarde
do dia 13 de dezembro de 2016, o certificado de Patrimônio Mundial, na
categoria Paisagem Cultural. O título recebido em 2012, foi conferido oficialmente pela UNESCO numa cerimônia no Centro de Visitação das Paineiras.
Durante a cerimônia foi empossado
o comitê gestor, que vai cuidar da preservação da paisagem. A orla de
Copacabana, o Parque do Flamengo e o Jardim Botânico estão entre os locais que
deram ao Rio o título.
O certificado oficial demorou
quatro anos para ser entregue ao Rio, porque após a vitória da candidatura da
cidade, foi necessário que as autoridades fizessem o dever de casa e apresentassem
um relatório detalhando como o patrimônio será preservado.
Tivemos que explicar como será o
monitoramento dos sítios, estabelecer indicadores. O documento foi entregue em
fevereiro de 2014, ocorrendo a avaliação da UNESCO em 2015. Como ele foi aprovado ano passado, só agora se
tornou oficial — explica Marcelo Brito, diretor do Departamento de Articulação
e Fomento do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Reconhecida como uma das cidades
mais belas do mundo, o Rio de Janeiro encontra na relação entre homem e
natureza a âncora para o seu título de primeira paisagem cultural urbana
declarada Patrimônio Mundial, o que foi conferido de forma inédita pela
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).
Anteriormente, os sítios reconhecidos
nessa tipologia eram relacionados a áreas rurais, sistemas agrícolas
tradicionais, jardins históricos e outros locais de cunho simbólico. A cidade
do Rio de Janeiro passou, em 1º de julho de 2012, a ser a primeira área urbana
no mundo a ter reconhecido o valor universal de sua paisagem urbana.
Até o reconhecimento
internacional, foram quatro anos de trabalho conjunto entre o Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), o Ministério do Meio
Ambiente e a Associação de Empreendedores Amigos da UNESCO, além dos governos
estadual e municipal do Rio de Janeiro e parceiros privados e públicos, que
criaram os Comitês Institucional e Técnico para a elaboração do dossiê de
candidatura.
A entrega oficial do documento de
inscrição do Rio de Janeiro na Lista do Patrimônio Mundial da UNESCO aconteceu
na terça-feira (13), às 17h, em cerimônia que ocorreu aos pés do Cristo
Redentor, no Corcovado, e contou com a presença da presidente do IPHAN, Kátia
Bogéa, do vice - prefeito do Rio de Janeiro, Adilson Pires, da coordenadora de
Cultura da UNESCO no Brasil, Patrícia Reis, além de representantes do governo
do estado.
De acordo com a presidente do
IPHAN, Kátia Bogéa, o título trouxe ao cenário nacional e internacional o
desafio de construir novos parâmetros para as políticas de patrimônio com
vistas à proteção e à gestão de um bem tão peculiar e com característica
singular em todo o mundo.
O representante da UNESCO no
Brasil, Lucien Muñoz, ressalta que, assim como foi o reconhecimento de Brasília
há 30 anos, o título do Rio de Janeiro também foi inovador. Para ele, a
convivência da cidade maravilhosa com sua rica paisagem natural indica desafios
permanentes para assegurar a perenidade dos atributos únicos que levaram a
cidade a ser inscrita na Lista do Patrimônio Mundial da UNESCO.
Entre os principais elementos que
contribuíram, para tornar excepcional e maravilhosa a cidade que nasceu e
cresceu entre o mar e a montanha, estão o Pão de Açúcar, o Corcovado, a
Floresta da Tijuca, o Aterro do Flamengo, o Jardim Botânico e a famosa praia de
Copacabana, além da entrada da Baía de Guanabara. As belezas cariocas incluem o
Forte e o Morro do Leme, o Forte de Copacabana e o Arpoador, o Parque do
Flamengo e a enseada de Botafogo, entre outros elementos.
Na entrega do documento que
aconteceu em 2014, o Rio de Janeiro se comprometia a, entre outros itens,
recuperar os monumentos do Parque Nacional da Tijuca, como fontes, bicas e
capela, e reformar postos de salvamento da orla de Copacabana.
Mas os maiores desafios mesmo,
estão caracterizados pelo Parque do Flamengo e a orla de Copacabana. Os
quiosques possuem padrão definido, e necessitam de fiscalização. Não será mais permitido,
a antiga modalidade do “puxadinho”, nem tampouco a visão de antenas de celular
nos postes do Parque do Flamengo. A Unesco é muito rigorosa — é o que afirma, Washington
Fajardo, diretor do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade, lembrando que o
título pode ser cassado se a paisagem for alterada de forma significativa.
Plano gestor do Patrimônio Mundial
Uma extensa programação antecedeu
a cerimônia de certificação que ocorreu no Centro de Visitantes das Paineiras, localizado
no Parque Nacional da Tijuca (RJ), área que integra o sítio declarado pelo
Comitê do Patrimônio Mundial.
Durante o evento, ocorreu a
instalação oficial do Comitê Gestor do Sítio Patrimônio Mundial, coordenado
pelo IPHAN, composto por 20 membros que incluem representantes do Instituto,
dos Ministérios da Defesa e Meio Ambiente, da Prefeitura, do governo do estado
do Rio, da UNESCO, além da sociedade civil e organismos não governamentais,
como o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (ICOMOS), Associações de
moradores do município do Rio de Janeiro, entre outros.
O Plano de Gestão do Sítio, “Rio
de Janeiro, Paisagens Cariocas, entre a Montanha e o Mar”, aprovado ano passado
na Sessão do Comitê do Patrimônio Mundial, em Bonn, na Alemanha, foi apresentado
na ocasião e conta com a contribuição de diferentes agentes do setor público
nas esferas federal, estadual e municipal, como também do setor privado e da
sociedade civil.
O Plano foi uma das abordagens
que aconteceu durante a realização da mesa-redonda técnica que ocorreu sobre a
gestão de paisagens culturais, e tem como princípio a gestão integrada entre órgãos
e agentes de preservação da cultura e da natureza. Foram também debatidas as
experiências do Rio, bem como a de Sevilha, na Espanha, com bens culturais
também declarados Patrimônio Mundial. A cidade espanhola desenvolveu o seu Guia
de Paisagem, que foi abordado pela Direção do Laboratório de Paisagem do
Instituto Andaluz de Patrimônio Histórico.
O evento contou em sua sequência
com a inauguração da sinalização Rio Patrimônio Mundial e o lançamento da
publicação “Rio de Janeiro: paisagens cariocas entre a montanha e o mar”,
editada pela UNESCO e pela Editora Brasileira de Arte e Cultura.
Com informações da UNESCO e ONU Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente essa Postagem