Dinalva Heloiza
As recentes campanhas eleitorais municipais revelaram novamente o espectro da extrema direita, que, ancorada na retórica de "salvadores da pátria", insiste em pautar o debate público na criminalização da esquerda e no ataque aos pilares democráticos. Esse discurso, sustentado por um alicerce moralista que se distorce para justificar a perseguição a figuras e partidos de esquerda, ameaça as bases democráticas do país, promovendo um ambiente de polarização e intolerância.
O fenômeno da criminalização da
esquerda não é novo, mas se intensificou de forma inédita com a colaboração de
forças políticas e sociais: o sistema financeiro, as igrejas neopentecostais,
uma fração dos militares e um segmento da sociedade pouco instruído, facilmente
influenciado por retóricas simplistas e emocionalmente apelativas. Esse
conglomerado de interesses se uniu em torno de um projeto político que visa
limitar o alcance das políticas de inclusão social, criminalizar movimentos de
defesa de direitos, e estabelecer um discurso uniforme em prol de uma direita
conservadora. Essa narrativa, vazia de propostas e planos de governo sólidos,
reforça a intolerância e inviabiliza qualquer debate fundamentado.
A contínua demonização da
esquerda representa uma ameaça profunda à democracia. O objetivo claro dessas
campanhas é eliminar o contraditório, suprimindo vozes dissonantes e, com isso,
restringindo o acesso da população a uma política inclusiva. Essa atitude
revela não apenas a falta de ética dos propagadores dessa retórica, mas também
a ausência de compromisso com uma sociedade plural, onde diferentes ideologias
possam coexistir e contribuir para o progresso coletivo. A criminalização de
ideias e de atores políticos coloca em risco o direito ao livre debate,
essencial para o fortalecimento das instituições e da cidadania.
Em suma, o ressurgimento desse
discurso nas campanhas municipais é um lembrete urgente de que a defesa da
democracia precisa ser constante. A pluralidade, os direitos sociais e a
dignidade de cada cidadão não devem jamais serem ameaçados por narrativas falsas,
excludentes e antidemocráticas.
Mais do que nunca, é necessário
que a sociedade esteja atenta e valorize as conquistas sociais e democráticas
como patrimônios de todos, e devem ser defendidas com responsabilidade, ética e
o mais profundo compromisso com a verdade, só assim poderemos coexistir em uma
sociedade plural e conquistarmos a civilidade comum aos seres humanos!
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