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terça-feira, outubro 29, 2024

Essa retórica sem ética e antidemocrática de criminalização da esquerda, também minam as políticas sociais no Brasil!

Dinalva Heloiza

As recentes campanhas eleitorais municipais revelaram novamente o espectro da extrema direita, que, ancorada na retórica de "salvadores da pátria", insiste em pautar o debate público na criminalização da esquerda e no ataque aos pilares democráticos. Esse discurso, sustentado por um alicerce moralista que se distorce para justificar a perseguição a figuras e partidos de esquerda, ameaça as bases democráticas do país, promovendo um ambiente de polarização e intolerância.

Historicamente, vimos como esse discurso atingiu seu ápice durante a Operação Lava Jato, que, embora propagada como uma luta anticorrupção, foi posteriormente desmascarada como uma operação repleta de viés político, visando não apenas a desestabilização de partidos como o PT, mas também a destruição da economia nacional em setores estratégicos. Empresas brasileiras foram devastadas, postos de trabalho eliminados e a política social, que vinha promovendo avanços significativos, foi duramente atingida. A crise econômica e social que se seguiu representou um retrocesso em diversas conquistas sociais e abriu caminho para uma narrativa que favorecia a concentração de poder na elite financeira e ruralista, segmentos que, tradicionalmente, demonstram alinhamento com políticas antidemocráticas e conservadoras.

O fenômeno da criminalização da esquerda não é novo, mas se intensificou de forma inédita com a colaboração de forças políticas e sociais: o sistema financeiro, as igrejas neopentecostais, uma fração dos militares e um segmento da sociedade pouco instruído, facilmente influenciado por retóricas simplistas e emocionalmente apelativas. Esse conglomerado de interesses se uniu em torno de um projeto político que visa limitar o alcance das políticas de inclusão social, criminalizar movimentos de defesa de direitos, e estabelecer um discurso uniforme em prol de uma direita conservadora. Essa narrativa, vazia de propostas e planos de governo sólidos, reforça a intolerância e inviabiliza qualquer debate fundamentado.

A contínua demonização da esquerda representa uma ameaça profunda à democracia. O objetivo claro dessas campanhas é eliminar o contraditório, suprimindo vozes dissonantes e, com isso, restringindo o acesso da população a uma política inclusiva. Essa atitude revela não apenas a falta de ética dos propagadores dessa retórica, mas também a ausência de compromisso com uma sociedade plural, onde diferentes ideologias possam coexistir e contribuir para o progresso coletivo. A criminalização de ideias e de atores políticos coloca em risco o direito ao livre debate, essencial para o fortalecimento das instituições e da cidadania.

Em suma, o ressurgimento desse discurso nas campanhas municipais é um lembrete urgente de que a defesa da democracia precisa ser constante. A pluralidade, os direitos sociais e a dignidade de cada cidadão não devem jamais serem ameaçados por narrativas falsas, excludentes e antidemocráticas.

Mais do que nunca, é necessário que a sociedade esteja atenta e valorize as conquistas sociais e democráticas como patrimônios de todos, e devem ser defendidas com responsabilidade, ética e o mais profundo compromisso com a verdade, só assim poderemos coexistir em uma sociedade plural e conquistarmos a civilidade comum aos seres humanos!

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