Dinalva Heloiza - Com informações do G20
Atahualpa Blanchet, durante o G20 , aponta como as tecnologias emergentes, especialmente a Inteligência Artificial (IA), podem ser fundamentais na adaptação e mitigação dos desafios climáticos. Atahualpa Blanchet destaca que a IA pode ser utilizada para monitorar florestas, prever desastres naturais e facilitar a gestão de riscos ambientais, desempenhando um papel essencial no combate à crise climática.
Nos últimos anos, a crise climática tem se intensificado, com a temperatura média global já subindo cerca de 1,2°C desde a era pré-industrial, conforme o IPCC. Esse aquecimento tem acelerado o derretimento das geleiras e a elevação do nível do mar, o que pode atingir até 1 metro até 2100, ameaçando áreas costeiras e exigindo medidas urgentes de adaptação. Além disso, a crise climática desafia as políticas de sustentabilidade e a capacidade de adaptação dos países do G20, que devem ajustar seus sistemas para lidar com impactos como secas severas e chuvas torrenciais.
A presidência do Brasil no G20 tem colocado a integração de tecnologias emergentes, incluindo IA, como central na agenda internacional para enfrentar essas questões. A IA pode contribuir de diversas formas, como monitorando florestas, prevenindo desmatamentos ilegais e otimizando o uso de fontes renováveis de energia, como solar e eólica, para reduzir as emissões de carbono.
Exemplos incluem o uso de IA no monitoramento de florestas, como o Global Forest Watch, que utiliza dados de satélite para identificar áreas desmatadas. No Brasil, o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Imazon usa IA para gerar alertas na Amazônia, e o PrevisIA, em parceria com a Microsoft, antecipa áreas de risco de desmatamento. Outros países, como Canadá, Austrália e Índia, também utilizam IA para monitorar e conservar florestas.
A Declaração Ministerial de Maceió, aprovada no G20, aborda a inclusão digital e a ética no uso da IA, destacando seu potencial para mitigar os impactos das mudanças climáticas. Ela também enfatiza a importância da adaptação tecnológica local, a transição para energias renováveis e a inclusão social. A adaptação também envolve a luta contra a desinformação, garantindo que as decisões políticas sejam baseadas em dados e critérios científicos sólidos, aproximando a política da ciência.
Além disso, o G20, por meio de iniciativas como a Recomendação da UNESCO sobre Ética da IA e a Declaração sobre Integridade da Informação no Mercosul, tem buscado equilibrar o potencial das tecnologias emergentes com a proteção dos direitos humanos e a justiça social. A Declaração de Maceió ressalta a integridade da informação como crucial para políticas eficazes na preservação ambiental e na transição energética. O G20 tem um papel estratégico em promover a cooperação internacional, fornecendo recursos técnicos, econômicos e tecnológicos para enfrentar a crise climática com resiliência e justiça social.
Atahualpa Blanchet é pesquisador do Instituto de Estudos Avançados da USP e consultor em Inteligência Artificial na UNESCO.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente essa Postagem