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sexta-feira, outubro 14, 2016

Dia do Professor - Data em que deveríamos celebrar a valorização dos mestres, responsáveis por proporcionar as nossas vidas, o direito fundamental do ser humano, o direito à ciência do desenvolvimento!

Dinalva Heloiza


“Os professores são a força mais influente e poderosa para a equidade, acesso e qualidade na educação”

Em 5 de Outubro de 2016, quando se celebrou o Dia Mundial dos Professores,  a UNESCO - Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura,  em conjunto com as principais agências da ONU, fez um alerta sobre o déficit no número de docentes necessários em todo o planeta.

Segundo a organização, são necessários 69 milhões de professores para que as metas universais de educação sejam atingidas até 2030. Além da falta de professores, o mundo enfrenta outro problema: 263 milhões de crianças e de jovens que estão fora das escolas.


Hoje 10 dias após, o Brasil celebra o Dia do Professor, uma data em que há muito deveria ter sido estabelecida como um marco à valorização destes profissionais, responsáveis pelo desenvolvimento humano de todos, um direito constitucional e o maior capital econômico de qualquer civilização que se preze. Um divisor de águas inerente à construção do desenvolvimento com sustentabilidade, essencial ao crescimento ético e justo de toda sociedade.

Em tempos atuais, o Brasil experimenta as consequências do baixo interesse pela docência. Segundo estimativa do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), no que se relaciona ao Ensino Médio e as séries finais do Ensino Fundamental o déficit de professores com formação adequada à área que lecionam chega a 710 mil. E não se trata de falta de vagas. "A queda de procura tem sido imensa”.

“Entre 2001 e 2006, houve o crescimento de 65% no número de cursos de licenciatura. As matrículas, porém, se expandiram apenas 39%", afirma Bernardete Gatti, pesquisadora da Fundação Carlos Chagas e supervisora do estudo. De acordo com dados do Censo da Educação Superior de 2009, o índice de vagas ociosas chega a 55% do total oferecido em cursos de Pedagogia e de formação de professores.

O estudo indica ainda que a docência não é abandonada logo de cara no processo de escolha profissional. No total, 32% dos estudantes entrevistados cogitaram ser professores em algum momento da decisão. Mas, afastados por fatores como a baixa remuneração (citado nas respostas por 40% dos que consideraram a carreira), a desvalorização social da profissão, o desinteresse e o desrespeito dos alunos (ambos mencionados por 17%), acabaram priorizando outras graduações. O resultado é que, enquanto Medicina e Engenharia lideram as listas de cursos mais procurados, os relativos à Educação aparecem bem abaixo.

Um recorte pelo tipo de instituição dá mais nitidez à outra face da questão: o tipo de aluno atraído para a docência. Nas escolas públicas, a Pedagogia aparece no 16º lugar das preferências. Nas particulares, apenas no 36º. A diferença também é grande quando se consideram alguns cursos de disciplinas da Escola Básica. 

Educação Física, por exemplo, surge em 5º nas públicas e 17º nas particulares. "Essas informações evidenciam que a profissão tende a ser procurada por jovens da rede pública de ensino, que em geral pertencem a nichos sociais menos favorecidos", afirma Bernardete.  De fato, entre os entrevistados que optaram pela docência, 87% são da escola pública. E a grande maioria (77%), mulheres.

Em pesquisa junto ao site da novaescola.org.br, encontrei que esse perfil é bastante semelhante ao dos atuais estudantes de Pedagogia. De acordo com o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) de Pedagogia, 80% dos alunos cursaram o Ensino Médio em escola pública e 92% são mulheres. 

Além disso, metade vem de famílias cujos pais têm no máximo a 4ª série, 75% trabalham durante a faculdade e 45% declararam conhecimento praticamente nulo de inglês. E o mais alarmante: segundo estudo da consultora Paula Louzano, 30% dos futuros professores são recrutados entre os alunos com piores notas no Ensino Médio. 

O panorama desanimador é resumido por Cláudia*, aluna de escola pública em Feira de Santana, a 119 quilômetros de Salvador: "Hoje em dia, quase ninguém sonha em ser professor. Nossos pais não querem que sejamos professores, mas querem que existam bons professores. Assim, fica difícil".

 Mensagem conjunta para o Dia Mundial dos Professores 2016

Para marcar o Dia Mundial dos Professores, que aconteceu há 10 dias, em 5 de Outubro de 2016, a UNESCO, o UNICEF, a OIT - Organização Internacional do Trabalho, e o Programa da ONU para o Desenvolvimento, PNUD, e a Education International, estão pedindo uma ação urgente.

Os chefes das agências da ONU, afirmam que em razão dos professores contribuírem significativamente para moldar o futuro de milhões de crianças e consequentemente um mundo melhor para todos, eles tem o direito em receber treinamento e salário adequados, além de serem mais valorizados.

Leia aqui a Mensagem conjunta para o Dia Mundial dos Professores 2016, dos diretores da UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura; da OIT - Organização Internacional do Trabalho; do UNICEF - Fundo das Nações Unidas para a Infância; do PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento e da Education International, por ocasião do Dia Mundial dos Professores, 50º aniversário da Recomendação UNESCO/OIT de 1966, relativa à situação dos Professores em 5 de outubro de 2016.

Valorizar os professores e melhorar a sua situação

A cada ano, no Dia Mundial dos Professores, nós celebramos as contribuições ilimitadas realizadas por professores em todo o mundo. Dia após dia, ano após ano, essas mulheres e esses homens dedicados a orientar e acompanhar estudantes pelo mundo da aprendizagem, ajudando-os a descobrir e a realizar seu potencial. Ao fazê-lo, os professores não apenas ajudam a construir o futuro individual de milhões de crianças – eles também ajudam a construir um mundo melhor para todos.

A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável realiza essa importante conexão entre educação e desenvolvimento. Ao adotar o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 4, os líderes mundiais se comprometem a “assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos”. 

Esse objetivo não poderá ser alcançado se não aumentarmos a oferta de professores qualificados e se não os empoderarmos para serem agentes da mudança educacional na vida dos estudantes que eles ensinam.

A situação é urgente. Para se alcançar a educação primária universal até 2030, precisamos de mais 24,4 milhões de professores. Esse número é ainda maior para a educação secundária, área em que são necessários 44,4 milhões de professores.

Como podemos formar esses novos professores e atraí-los para a profissão essencial do ensino quando, em todo o mundo, muitos professores têm formação deficiente, são mal pagos e subvalorizados?

Muitos professores ainda trabalham com formas inadequadas de contrato e de pagamento. Com frequência, eles vivem em condições difíceis e não têm formação inicial adequada, desenvolvimento profissional continuado, nem apoio consistente. Às vezes, eles são vítimas de discriminação e até mesmo de ataques violentos.

A docência poderia ser atrativa, uma das profissões mais escolhidas – se os professores fossem valorizados de forma compatível ao imenso valor que eles oferecem às nossas crianças, e se o seu status profissional como educadores refletisse o enorme impacto que a sua profissão tem no nosso futuro compartilhado.

Isso significa proporcionar a eles formação e desenvolvimento continuados, para apoiá-los em seu papel fundamental de educar todas as crianças, em todos os contextos – incluindo as comunidades mais pobres e mais remotas, bem como nas comunidades que passam por situações de crise. Isso significa compensá-los de maneira adequada e fornecer a eles as ferramentas de que precisam para desempenhar suas atividades indispensáveis. 

Isso significa colocar em prática políticas que salvaguardem e reforcem o status dos professores – começando por se dar aos professores um lugar na mesa e um papel ativo na tomada de decisões que afetam o seu trabalho. Por fim, isso significa melhorar a eficiência e a eficácia dos sistemas educacionais, em todos os níveis.

Há 50 anos deste dia, esses princípios foram estabelecidos na Recomendação UNESCO/OIT de 1966, relativa à Situação dos Professores, um marco de referência que resultou no primeiro instrumento normativo internacional destinado à profissão docente. Desde aquele dia, temos realizado grandes progressos na elevação do status dos professores – mas ainda existe muito mais trabalho a ser feito.


Nós dedicamos o Dia Mundial dos Professores de 2016 à celebração desse marco, reafirmando o nosso compromisso quanto aos padrões e às aspirações que ele representa – e, da mesma forma, redobrando os nossos esforços para alcançá-los. Os professores de todo o mundo – e as crianças de todo o mundo – não merecem menos do que isso.

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