Dinalva Heloiza
Às vésperas do sexto aniversário
da guerra civil na Síria, a Save the
Children, lança um relatório impactante intitulado, “Feridas Invisíveis”, onde a Organização Internacional faz um profundo
alerta ao trágico perfil da situação do país e principalmente de suas crianças.
Essas crianças, menores sírios, cerca
de 250 mil delas, vivem em zonas sitiadas pelo conflito que assola o país, e essas
crianças estão sendo afetadas por bombardeios e ataques aéreos, ininterruptos,
revela a Save The Children.
O relatório afirma que, familiares
estão tendo que fazer face ao impacto psicológico à que as crianças estão
expostas pelas explosões, escassez de alimentos, medicamentos básicos e água
potável. Sitiadas em suas cidades, essas crianças estão tão assustadas e carentes
que já "esperam sua vez para serem mortas", alerta a organização.
Para elaborar o documento,
divulgado há quase seis anos após o início da guerra, a Save The Children
entrevistou mais de 125 mães, pais e crianças, em 22 grupos separados.
Os resultados mostram que 84% dos
adultos e quase todas as crianças acreditam que os bombardeios e contínuos ataques,
são a principal causa do estresse psicológico que afeta a vida diária dessas
crianças.
Os resultados do estudo apontam
também que 50% delas, afirmam que nunca, ou raramente, se sentem seguras
na escola, e 40% não se sentem seguras para brincar em áreas
externas, nem mesmo fora de sua própria casa.
E mais, 89% dos adultos disseram
que o comportamento das crianças tornou-se mais temeroso e nervoso à medida que
a guerra avança, e ainda 71% afirmaram, que as crianças sofrem cada vez mais de
incontinência urinária e micção involuntária.
Especialistas em saúde mental
consultados para este relatório disseram que as crianças estão sofrendo de uma
condição chamada "estresse tóxico", o que pode ocorrer quando crianças
experimentam fortes adversidades, frequentes ou prolongadas, como a violência
extrema que ocorre no conflito da Síria. A resposta ao estresse tóxico contínuo
pode ter um impacto ao longo da vida e sobre a saúde mental e física dessas
crianças.
A pesquisa revelou em como a
guerra arruinou infâncias. Em entrevistas e grupos focais, verificaram-se que
78% das crianças estão tristes e depressivas durante todo o tempo e quase todos
os adultos disseram que as crianças, apresentam-se normalmente mais nervosas ou aterrorizadas
diante dos conflitos resultantes da guerra.
Em todos eles, os menores
assinalaram um "pavor constante" e os pais apontam uma mudança
radical no caráter de seus filhos, e que agora apresentam-se mais
"retraídos, agressivos e depressivos".
Uma pressão psicológica constante
se manifesta sobre essas crianças, o que está provocando sofrimentos, dores e
causando doenças muitas vezes irreversíveis. Grande maioria das crianças estão
apresentando incontinência urinária, micção involuntária em público, perda
de voz, com crianças perdendo a capacidade total de se expressar através da fala, aumento
das características agressivas e abuso de substâncias. Comunidades e profissionais também relatam, aumento no autoflagelação e tentativas de suicídio entre crianças de até 12
anos.
Quase todos os grupos revelaram
que diversas crianças em suas comunidades morreram pela falta de medicamentos e
acesso ao sistema de saúde. O relatório revela também, que houve uma redução no
número de refeições diárias, e grupos denunciam a morte de crianças provocadas
pela fome e má nutrição.
A Save The Children alerta ainda
que, apesar de ter ampliado ajuda às zonas sitiadas na Síria, apenas uma
pequena parte da ajuda necessária, entra no território. Essas crianças estão
pagando o preço da inação do mundo, afirmou Misty Buswell, diretora da
organização.
No documento, a organização apela
às partes envolvidas no conflito para permitirem que a ajuda humanitária chegue
sem restrições às zonas prejudicadas e que as escolas e hospitais sejam preservados
dos ataques.
Com informações da Save The Children's
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