As 7 Maravilhas da Natureza eleitas pela New7Wonders

As 7 Maravilhas da Natureza eleitas pela New7Wonders
A América do Sul ganhou com a Floresta Amazônica e a Foz do Iguaçú

terça-feira, setembro 26, 2023

Ataques das igrejas contra a descriminalização do aborto, seria até compreensível à sociedade do estado laico, se a mesma veemência fosse utilizada em combate aos inúmeros casos de pedofilia contra crianças e estupros contra mulheres!

 Dinalva Heloiza

Nos últimos dias, a ministra Rosa Weber, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), proferiu um voto favorável à descriminalização do aborto com a interrupção voluntária da gravidez, durante as primeiras 12 semanas de gestação. Em sua manifestação, a ministra criticou o pensamento patriarcal brasileiro que historicamente subjugou as mulheres, excluindo-as do espaço público e marginalizando-as na sociedade. 

                                                                Ministra Rosa Weber - STF

Esse posicionamento gerou forte repercussão nas redes sociais das instituições católicas e evangélicas no Brasil, inclusive com a viralização de um vídeo de 2018, em que o atual secretário-geral da CNBB, dom Ricardo Hoepers, na época confronta a ministra Rosa Weber sobre o tema.

A reação dessas instituições religiosas evidencia uma postura hipócrita, especialmente por parte das Igrejas católicas e evangélicas. E ao mesmo tempo, seria interessante ver a mesma veemência empregada contra a descriminalização do aborto sendo aplicada também na luta contra os alarmantes índices de estupros que assolam as mulheres e o vergonhoso número de casos de pedofilia que ocorrem dentro dessas instituições.

É importante reafirmar que o corpo da mulher pertence a ela, e a decisão sobre ser mãe ou não é um direito inalienável de cada mulher. Essa escolha não deve ser influenciada por instituições religiosas, políticas ou jurídicas. Trata-se de uma competência exclusiva da mulher, e mais ninguém.

A descriminalização do aborto é um debate complexo e delicado, envolvendo questões de saúde pública, direitos reprodutivos e autonomia da mulher. Ao eliminar a punição para as mulheres que optam por interromper uma gravidez, o estado garante à essas mulheres e meninas, um acesso seguro e legal aos serviços de saúde, reduzindo os riscos à vida e à saúde destas mulheres e meninas.

É importante ressaltar que a descriminalização não significa a obrigatoriedade do aborto, mas sim, a garantia de que cada mulher possa tomar sua própria decisão, livre de coerções e pressões externas. Além disso, a descriminalização do aborto também contribui para a redução das desigualdades sociais, uma vez que mulheres em situação de maior vulnerabilidade têm maior dificuldade em acessar serviços de saúde adequados.

No entanto, a reação das instituições religiosas revela uma resistência em relação a mudanças sociais e um apego a valores conservadores. Essas instituições possuem uma influência significativa na sociedade brasileira, principalmente entre seus fiéis. No entanto, é importante questionar se essa influência está sendo utilizada de forma ética e responsável, e se realmente é observado por estes, o bem-estar e a liberdade das mulheres.

É fundamental separar o âmbito religioso do debate sobre direitos reprodutivos. O Estado é Laico e deve garantir o respeito à diversidade de crenças e a proteção dos direitos individuais. As vozes das mulheres e suas necessidades devem ser ouvidas e respeitadas, especialmente quando se trata de uma questão tão íntima quanto a maternidade.

O voto da ministra Rosa Weber no STF representa um avanço importante na luta pelos direitos reprodutivos das mulheres. Espera-se agora que o debate sobre a descriminalização do aborto seja conduzido de forma séria e responsável, em busca de soluções que garantam o acesso seguro e legal aos serviços de saúde reprodutiva.

É necessário superar a hipocrisia e o moralismo que muitas vezes permeiam esse tema. É imprescindível reconhecer que a criminalização do aborto não impede sua realização, mas apenas coloca em risco a vida e a saúde das mulheres, principalmente aquelas em condições precárias.

Quanto a descriminalização do aborto não se trata de promover a prática, mas de garantir o direito das mulheres em tomarem suas próprias decisões sobre seus corpos e suas vidas. É um passo fundamental para a construção de uma sociedade mais igualitária e respeitosa com as escolhas humanas e individuais.

Esperamos que o debate sobre esse assunto seja conduzido de forma madura e respeitosa, levando em consideração a diversidade de pensamentos e experiências das mulheres. A luta pelos direitos reprodutivos é uma questão de justiça social e deve ser levada a sério por todas as esferas da sociedade, incluindo as instituições religiosas, que têm um papel importante na formação de opinião pública. É tempo de avançarmos para uma sociedade mais inclusiva e empática, que respeita os direitos humanos e as liberdades fundamentais das mulheres, em defesa da sua autonomia.



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente essa Postagem

Postagens populares

ONU Brasil

Portal IBRE

Postagens