Dinalva Heloiza
A educação sexual é um processo que ocorre de forma ampla e pode ser informal e assistemático, ou seja, pode acontecer de maneira espontânea e informal no cotidiano das pessoas, ou pode ser formal e intencional, ocorrendo em espaços educativos como escolas, instituições de saúde ou em programas específicos.
Quando se fala em educação sexual intencional, também conhecida como orientação sexual, refere-se a um processo sistemático e contínuo de intervenção. Este processo vai além de oferecer informações científicas sobre sexualidade, ele também proporciona espaços de discussão e reflexão que podem auxiliar os adolescentes a questionar mitos, tabus e preconceitos em relação à sexualidade.
O trabalho de educação sexual na
escola vai ao encontro de uma prática da psicologia da educação comprometida
com o processo de humanização. O profissional deve estar engajado com a construção
de um processo educacional no qual haja a socialização do saber e da construção
do pensamento crítico, de maneira que seja possível transformar o imediato em
mediato, apreender a realidade em suas múltiplas determinações e entender a
sociedade como um movimento de vir-a-ser (Meira, 2006).
O trabalho em educação sexual
formal é fundamental para romper ideias cristalizadas e construídas na
sociedade, formando um ser humano consciente das relações sociais a que está
submetido, principalmente considerando esse ser humano no período da
adolescência. O que permite a formação de jovens, com caráter melhor definido com
a boa socialização, respeito as diferenças e as diferentes opiniões, em suma
forma-se um ser humano com maior domínio de suas emoções, desejos e prazeres.
Existem diversos estudos e
pesquisas que destacam a importância da educação sexual intencional na promoção
da saúde sexual e na prevenção de problemas relacionados à sexualidade, como
gravidez indesejada, infecções sexualmente transmissíveis e violência sexual.
Um estudo realizado no Brasil por Maia (2004) mostrou que a implementação de
programas de educação sexual nas escolas teve impactos positivos na melhoria do
conhecimento dos estudantes sobre sexualidade e na mudança de atitudes em
relação ao sexo seguro.
Além disso, é importante
ressaltar que a educação sexual intencional também busca combater a
discriminação e o preconceito relacionados à orientação sexual e identidade de
gênero. Estudos mostram que adolescentes LGBTQ+ que recebem educação sexual
inclusiva têm uma melhor compreensão de sua própria identidade e enfrentam
menos estresse e discriminação em relação à sua orientação sexual ou identidade
de gênero (Nunes & Silva, 2000; Sayão, 1997).
No entanto, mesmo com as evidências
sobre os benefícios da educação sexual intencional, ainda há desafios e
obstáculos que dificultam sua implementação de forma efetiva nas escolas. Um
estudo realizado por Ribeiro (1990) mostrou que muitos professores enfrentam
resistência e falta de apoio institucional para abordar a sexualidade de forma
adequada em sala de aula.
Dessa forma, é fundamental que
haja políticas públicas e estratégias de capacitação para os educadores, a fim
de garantir que a educação sexual intencional seja abordada de forma adequada,
inclusiva e contextualizada. Além disso, é importante envolver os pais e
responsáveis dos alunos nesse processo, para que eles também sejam orientados e
possam apoiar a educação sexual de seus filhos.
Em suma, a educação sexual
intencional é um processo sistemático e contínuo de intervenção que busca oferecer
informações científicas, espaços de discussão e reflexão sobre sexualidade,
além de combater preconceitos e tabus. Estudos mostram que essa abordagem tem
impactos positivos na saúde sexual dos adolescentes e na promoção de uma visão
inclusiva e respeitosa sobre sexualidade. No entanto, é necessário superar
obstáculos e garantir o suporte adequado para implementar efetivamente a
educação sexual nas escolas, com urgência!
A formação de uma sociedade mais humanizada, menos discriminatória e ideológica, urge, onde também prevaleça a
justiça social e os direitos humanos, e isso é uma responsabilidade de todos
nós!
Referências:
- Brasil, Ministério da Saúde.
(1997). Parâmetros Curriculares nacionais: saúde. Brasília: Ministério da
Saúde.
- Maia, N. B. (2004). Educação
Sexual na Escola: estudo comparativo sobre o impacto de um programa educativo
em adolescentes. Jornal de Pediatria, 80(2), 132-138.
- Nunes, L., & Silva, M.
(2000). Educação sexual na escola: o ponto de vista dos professores. Revista
Brasileira de Sexualidade Humana, 11(2), 37-50.
- Ribeiro, J. L. (1990). Educação
sexual: uma concepção do conhecer. Comunicação, 11(10), 44-59.
- Sayão, Y. (1997). Orientação
sexual e homossexualidade nas políticas públicas e diretrizes curriculares
nacionais. Revista de Educação, 103(2), 121-147.
- Werebe, M. J. V. (1998). Parâmetros Curriculares Nacionais
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