Dinalva Heloiza - com informações da UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
Em face de tais desafios, este
novo volume da série Tendências mundiais sobre liberdade de expressão e
mídia desenvolve uma análise crítica das novas tendências da liberdade
de mídia, do pluralismo, da independência e da segurança dos jornalistas.
Com um enfoque especial na
igualdade de gênero na mídia, o relatório fornece uma perspectiva global que
serve como um recurso essencial para os Estados Membros da UNESCO, organizações
internacionais, grupos da sociedade civil, academia e indivíduos que procuram
compreender a mudança da paisagem global da mídia.
02) Tendências do pluralismo das
mídias.
O acesso a uma pluralidade de
plataformas de mídia continuou a se expandir no período abrangido por este
estudo. Cerca de metade da população mundial agora tem acesso à Internet,
em parte devido ao rápido aumento da conectividade com a internet móvel, o que
ocorreu na África, Ásia e Pacífico e também na América Latina e Caribe.
A televisão por satélite e a
mudança digital multiplicaram uma gama de canais aos quais os indivíduos passam
a ter acesso. Outro aumento considerado substancial, observado à partir de
2012 foi a disponibilidade do conteúdo de mídias, o que se deu em grande parte por
compartilhamento e conteúdo gerado pelos próprios usuários.
Em janeiro de 2017 a Wikipédia ampliou
em quase o dobro os seus artigos, em relação a janeiro de 2012. Esta tendência
no entanto foi acompanhada por uma diversificação progressiva dos conteúdos e o
aumento nas contribuições de artigos em outras línguas, que não o inglês.
Em regiões onde a penetração da
Internet e a dependência das fontes online de notícias são os mais altos, os
algoritmos estão sendo utilizados para classificar informações de forma cada
vez mais abundante, classificando resultados de pesquisa em feeds de notícias das
redes sociais.
Estes cenários contribuíram para
a criação do que chamam de "câmaras de eco" e "bolhas de
filtro", os quais visam reforçar os pontos de vista existentes nos
indivíduos e a produção de debates cada vez mais difundidos - embora este
desenvolvimento não seja necessariamente tão forte como às vezes é
apresentado.
No entanto, nas competições
eleitorais, a rápida proliferação das chamadas "notícias falsas",
alimentada em parte pela tendência das plataformas de redes sociais, em privilegiar
o “clique” em detrimento da informação, tornou-se uma ilustração poderosa para
muitos do efeito disruptivo desse fenômeno, em poder dos debates
públicos.
Em outras regiões, como nos
Estados árabes e na África, a radiodifusão representou um elemento mais
centralizado dessa tendência polarizada através da mídia. Da mesma forma,
a aceitação da internet móvel e a prática do "rating zero" – onde os
provedores de internet ou de serviços móveis permitem que os usuários acessem
conteúdos ou aplicativos específicos sem contar com o "limite" de
dados do usuário - expandiram significativamente o pluralismo em termos de
acesso ao universo da internet, especialmente entre os mais vulneráveis.
No entanto, o tipo de acesso é
muitas vezes limitado a aplicativos móveis específicos, apresentando
preocupações de que esses serviços possivelmente possam criar os chamados "jardins
em paredes", privados e em desacordo com os princípios da abertura e
neutralidade da rede.
O pluralismo é ainda limitado
pelo fato recorrente de que as mulheres, ainda permanecem fortemente sub representadas,
tanto na força de trabalho da mídia quanto junto aos papéis da tomada de
decisão dos conteúdo gerados pela mídia, em fontes e abordagens.
Em resposta à contínua
marginalização das mulheres, uma série de organizações da sociedade civil,
meios de comunicação e indivíduos desenvolveram iniciativas para mudar essa
imagem, inclusive através da Aliança Global para Mídia e Gênero, iniciada pela
UNESCO - onde aplica-se os Indicadores Sensíveis
ao Gênero para a Mídia.
Os modelos tradicionais de
negócios para os meios de comunicação continuaram a ser interrompidos, levando um
aumento da concentração vertical e horizontal e introdução de novos tipos de
propriedades fundamentalistas.
Cortes de pessoal afetaram a
diversidade de conteúdo, especialmente em cobertura internacional. Os
índices de circulação dos jornais foram reduzidos em todas as regiões, exceto
na Ásia e no Pacífico, onde foi observado um aumento desta circulação em algumas
regiões de economias emergentes.
A radiodifusão independente do serviço
público ainda está ausente ou sob renovada ameaça política e/ou financeira em
várias regiões. O rápido crescimento da publicidade digital, em que as
receitas quase dobraram entre 2012 e 2016, beneficiou principalmente grandes
plataformas da internet em detrimento da mídia tradicional.
Diante essas interrupções, os
meios de comunicação tradicionais experimentaram novos modelos econômicos,
incluindo a introdução de novas formas de custeamento, através da solicitação
de doações aos leitores, ou utilizando o método Crowdfunding - financiamento
colaborativo.
Os jornalistas também estão
utilizando novas tecnologias, como a realidade virtual, de forma a criar
experiências imersivas de eventos à longas distâncias.
Veja aqui o Infográfico
Acesso ao Relatório em PDF - (Francês)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente essa Postagem