O Brasil perdeu a chance de se transformar já, em 2019, em uma democracia sólida e com credibilidade internacional.

Dinalva Heloiza

Com o cenário que define o segundo turno nessas eleições é visível que não houve por parte de um número significativo de eleitores, o exercício da consciência crítica dirigido aos interesses individuais e sociais, que nos preservam as liberdades, a democracia e os direitos humanos. 

Esses valores nenhum eleitor em sã consciência, os desprezaria, pois fundamentam o exercício de uma cidadania plena com vigor global, o que nos fortalece a ética das boas escolhas e promove a valorização do pensamento crítico, um imperativo em tempos atuais. 

Tudo foi disponibilizado, integrando ainda a defesa do bem comum e promoção da civilidade em  um notável e autoral Programa de Governo, conduzido por uma mulher que teve coragem e generosidade ao encarar sozinha um cenário caótico, onde prevaleceu o testosterona.

Durante toda a campanha indiscriminadamente, o discurso de Marina Silva foi copiado, vídeo televisado publicado e ainda continua sendo. A conhecida “fraca” é quem direciona o discurso dos ditos “fortes”. Mas é compreensível, eles não detêm a ética do diálogo que promove a coerência do convencimento, pois suas formas de coalizão se baseiam em outros valores.

   

Marina é quem apresentou verdadeiramente o único Programa que condiz com a realidade brasileira, e foi deixada pra trás. A única mulher que teve coragem de encarar esse triste cenário repleto dos  poliglotas do reino machista. Pra piorar ainda mais, obteve-se  ao final o ganho daqueles que claramente, apresentaram a pior representação democrática, à cidadania brasileira.   

Ao contrário do que muitos esperavam, foi definido um cenário onde o protagonismo se manifestou pelo discurso de ódio, o desrespeito a Constituição, a violência generalizada, a perpetuação pelo poder, e descriminação generalizada contra a mulher.

Ganhou o discurso vazio e oposicionista ao bem comum, ganhou a perpetuação ao poder, onde a única garantia com que se apresentou foi à necessidade do voto útil, desenhando uma obscura encruzilhada e um futuro que é certo, não queremos.

Enquanto grande parte de nossa sociedade, buscou exercer uma escolha democrática. Tendo em base propostas e propósitos. Restou-nos um cenário, obscuro e polarizado entre dois extremos - a sombra do autoritarismo com pechas fascistas X e a velha corrupção, que tanto mal já semeou – esse é o cenário que deflagra um próximo governo dividido, em representação a todos.  

Em primeiro lugar, que caminhos nos reservam as opções que restaram, tão logo se aproximam as eleições do segundo turno. Como se alguma dessas que ai estão, dignificasse nossas escolhas, ou mesmo, nos possibilitasse a garantia de nossa integridade física, mediante um proposto futuro armado. Ou mesmo, se ainda nos reservasse a credibilidade internacional, que garanta em um breve futuro, maiores oportunidades, direitos, desenvolvimento humano e sustentável, pleno respeito às conquistas consolidadas, ou até mesmo a garantia daquilo que nos dignifica em sociedade, a civilidade de nossa cidadania, nem mesmo isso está em compromisso daqueles que tentam conquistar nossos votos, com imposições, temor, desrespeito ao estado de direito. O voto é individual e de todos. E não se sabe nem mesmo, se saberão o que fazer com eles, ou mesmo com o cenário que nos dignifica como eleitores.   

Esse cenário demonstra claramente que o eleitor ainda não captou a dimensão do que perdemos nas últimas décadas com a proliferação da corrupção, e o que ainda podemos perder se aliarmos ainda mais as nossas escolhas, as opções que manipulam a polarização entre um ou outro grupo que ai se encontra. 

A maioria do eleitor não se dispôs nem mesmo a creditar ao melhor entre #eles, seus anseios em mudança, e rejeitou até mesmo Ciro Gomes. Sem contar que a maioria do eleitorado negou claramente, uma consciência politizada, ou mesmo algum respeito a capacidade, conhecimento e competência política da presidenciável Marina Silva. 

Visivelmente, ela passou esses últimos meses debruçada em promover juntamente com sua valorosa equipe, reconhecida por sua eficiência e competência, um dos melhores Programas de Governo, desde o pós-ditadura, apresentando notáveis propostas, com vistas a sanear tanto as demandas mais urgentes, quanto às emergentes, e aquelas que eventualmente conflitam com as exigências do mercado internacional.

Aos que tanto endeusam o governo Lula, pelos programas que se destacaram naquele período, eu lhes digo, de forma enfática. O que conduziu o Brasil, a alcançar um elevado reconhecimento internacional, e se destacar em conquistas durante aquele período, foi dois fatores distintos e relacionados, ambos tem a generosa assinatura da notável competência, eficiência, conhecimento e ética pública de Marina Silva, alinhado com seu compromisso efetivo junto ao bem comum de todos.

Em 1992, com a realização da Eco-92, a Conferencia das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, que aconteceu na cidade do Rio de Janeiro, a comunidade internacional estabeleceu a necessidade de uma nova governança global, e que essa governança esteja alinhada com as propostas do desenvolvimento sustentável.

O que significa esse modelo em governança? O desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento que concentra suas habilidades ao atendimento em sanar às necessidades das gerações atuais, tendo em foco a inclusão, a preservação do meio ambiente e dos recursos naturais, sem comprometer as habilidades naturais das futuras gerações em estabelecerem em um futuro o seu próprio atendimento.

Posteriormente em setembro de 2000, com a Declaração do Milênio, quando 191 nações firmaram junto à ONU, um compromisso conjunto em combater os impactos que ampliam a extrema pobreza e o combate a fome, com foco ainda maior em economia inclusiva e sustentável,  na defesa do meio ambiente e dos recursos naturais, ampliaram - se os compromissos estabelecidos junto a Eco-92, e à partir de então, foram definidos novos objetivos e metas foram pré-estabelecidas ao seu cumprimento, e compromissos vinculados.

Esse novo modelo em governança, e seus alinhamentos foram decisivos para que o Brasil alcançasse o reconhecimento internacional, fator que teve como protagonista a atuação de Marina Silva a frente do Ministério do Meio Ambiente, o que alcançou um dos maiores destaques em cenário internacional, levando o Brasil, ao alcance de grandes conquistas que determinaram o sucesso daquele período.

    

Esse sucesso só foi possível, ao governo do Lula, por uma atuação predominante de Marina Silva. Na época ela já se fazia conhecida e reconhecida por sua forte atuação parlamentar em defesa do patrimônio ambiental e do desenvolvimento sustentável, e por sua luta junto ao grande preservacionista Chico Mendes. Ao assumir seu trabalho a frente do Ministério do Meio Ambiente, Marina Silva promoveu um dos momentos mais significativos do Brasil, um momento histórico.

Com sua atuação, Marina elevou o Brasil a um período inusitado com elevado reconhecimento internacional. Esses fatores foram possibilitados mediante sua forte atuação em defesa do patrimônio ambiental; combate aos crimes ambientais; combate ao desmatamento na Floresta Amazônica; preservação dos Recursos Hídricos; combate a todas as formas que proliferam a degradação ambiental e proliferação dos crimes ambientais. Essa atuação se tornou modelo, e foi premiada, distinguida e reconhecida internacionalmente.

Um momento em que o Brasil alcançou um dos maiores destaques em cenário internacional, permitindo ao país uma elevada captação de novos investimentos internacionais, com a instalação de grupos em cenário nacional, gerando emprego, renda e estabilidade econômica a milhões de pessoas, e mais, permitiu ao Brasil alcançar de forma significativa os mais evoluídos centros de negócios do mercado internacional, alcançando aberturas de mercados até então inalcançáveis, alçando a credibilidade nacional aos níveis mais prósperos da economia internacional, um dos maiores destaques alcançados naquele período.   

Marina Silva, sem dúvida, moldou com sua força, competência e credibilidade internacional, um dos momentos mais significativos do desenvolvimento progressista que se instalou em cenário nacional, e a grande maioria dos êxitos conquistados, foram graças à sua competência e diálogo.

Foi um período em que Marina Silva, conquistou a maioria dos inúmeros prêmios internacionais,  inclusive o maior Prêmio Ambiental da ONU, o "Champions of the Hearth" ou Campeões da Terra, além de inúmeros outros. Além destes prêmios Marina Silva, obteve distinções significativas junto a a Imprensa Internacional, O Jornal The Guardian - Considerou Marina Silva, "Uma das 50 pessoas com capacidade para transformar o Planeta". 

E o lamentável, é que em nenhum momento houve do governo brasileiro e sua equipe, o reconhecimento por esse fabuloso trabalho.

   

Nesse aspecto eu particularmente posso dizer que nunca vi, ou mesmo ouvi nenhum discurso do Lula, ou mesmo de quaisquer membros do PT. Um que seja elevar um singelo reconhecimento que fosse por essa substancial atuação de Marina Silva. Quando ela praticamente carregou através do sucesso de suas ações, todas as grandes conquistas e aberturas que o país alcançou, e com as quais se destacou naquele período.

Ao contrário, desde 2010 e de forma degradante em 2014 e ainda em 2018, o Partido dos Trabalhadores, foi um dos maiores responsáveis pela desconstrução da candidatura de Marina Silva ao governo brasileiro, proliferando mentiras, fake news, e agora mais recente com o voto útil e o medo que se proliferou com a possibilidade do crescimento do candidato da extrema direita, Jair Bolsonaro.