Dinalva Heloiza de Oliveira
Uma de minhas identidades, bem resguardadas de minha infância, está intimamente gravada em meu ser, como uma aquarela de sons
e cores, que se formou a partir de minha convivência, ainda criança com a
natureza. Aqueles momentos, sem dúvida, foram os mais importantes de minha formação.
Lembro-me da emoção que me perpassava, ao me encontrar diante do fluxo claro e
límpido da nascente de um riacho, que corria, após o imenso pomar que havia na
fazenda de meus avós.
O barulho contínuo da água
seguindo seu curso, por entre as pedras forradas de húmus, o canto alegre da passarada,
o vento suave e perfumado de aromas, que agitava as arvores, seus galhos e folhas,
configurando um bailado sincronizado, acompanhados em uma escala menor, pelos pequenos
arbustos, que circundavam aquelas árvores, como alegres crianças que dão as
mãos as suas mães, ao dançar uma ciranda.