Com a Plataforma por uma Economia Inclusiva, Verde e Responsável, o Ethos dá início a uma etapa ambiciosa: ajudar a construir um projeto nacional sustentável.
De acordo com o presidente do Instituto Ethos, Jorge Abrahão, o primeiro grande desafio da organização, que era o de mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas a gerir seus negócios de forma socialmente responsável, foi plenamente superado nos seus primeiros dez anos de atuação. “Os trabalhos individuais das empresas são importantes, mas precisam passar para outro patamar. Agora, numa segunda fase, decidimos chamar as empresas para trabalhar em prol da sociedade, numa parceria mais avançada com aquelas que já estabeleceram a prática de gerir seus negócios de forma socialmente responsável”, explica ele.
Lançada em 24 de fevereiro de 2011, em São Paulo, a Plataforma por uma Economia Inclusiva, Verde e Responsável é um documento que traça diretrizes básicas para a atuação das empresas num movimento nacional que estimule a transição da sociedade para uma nova economia. De acordo com Jorge Abrahão, a idéia é “atuar na articulação de forças para influenciar o governo, promover o diálogo, reunir os agentes sociais e econômicos, criar agendas e buscar regulamentações, entre outras ações”.
Para ele, o esforço de transformação a partir da gestão da empresa é limitado no sentido de construir um projeto nacional de desenvolvimento sustentável. É preciso chegar às políticas públicas, às regulamentações capazes de acelerar o processo. “No entanto, muitas vezes o governo fica esperando um apoio, uma base social para promover as mudanças”, diz Abrahão, citando o exemplo da Carta Aberta ao Brasil sobre Mudanças Climáticas. Lançada em 2009 por um grupo de empresas que hoje se reúne no Fórum Clima, iniciativa coordenada pelo Ethos, essa carta acabou influenciando as posições do governo em relação à questão climática. “Aquele foi um caso emblemático da importância desse tipo de ação”, comenta ele.
Segundo Paulo Itacarambi, vice-presidente do Ethos, a decisão de dar uma guinada estratégica na atuação do instituto nasceu em 2008. Naquela época, nosso Conselho Deliberativo, em reflexões feitas sobre os dez anos da instituição, achou que o momento exigia um segundo passo, que levasse os princípios e valores éticos para outras esferas da sociedade. A partir de então, desenvolveu-se um processo de construção de uma proposta que refletisse o pensamento das empresas mais avançadas em responsabilidade social empresarial (RSE).
“Montamos uma proposta provocadora e saímos para conversar com as pessoas, parceiros, associados, apresentando o projeto. Foram cerca de 50 interlocutores. A cada conversa, a proposta era modificada. Acho que foi um projeto coletivo mesmo”, conta Itacarambi. “Depois houve a discussão da proposta em plenária da Conferência Internacional Ethos 2009, com mais de 1.000 pessoas, o que não só aprofundou e atualizou o documento como deixou claro que o foco da nova trajetória do Ethos era contribuir para a transição da economia.”
Durante o ano passado, o Ethos foi em busca de parceiros para essa nova empreitada. “Contatamos aquelas empresas e instituições líderes em boas práticas de RSE, que comungavam dessa mesma visão, para estabelecer uma convergência das diversas iniciativas e tentar construir uma proposta da própria sociedade”, explica o vice-presidente do instituto. Para ele, a repercussão da idéia superou as expectativas: “Já conseguimos o apoio de seis empresas de porte global, com disposição para assumir essa bandeira, que é um projeto ambicioso e exige alinhamento com os objetivos do Ethos, de valorizar a ética e colocar a justiça e a inclusão social em posição de centralidade na economia”.
Os próximos passos, de acordo com o presidente do Ethos, Jorge Abrahão, serão o detalhamento das práticas das empresas em cada pilar, para aprofundá-las na cadeia produtiva de cada uma delas, e a criação de uma agenda forte com diversos segmentos da sociedade, como o governo, buscando o aprimoramento das políticas públicas, e a mídia, tentando não apenas mobilizar como também fomentar a criação de uma agenda nacional para a nova economia.
“Será muito importante investir em novas soluções, para romper paradigmas e padrões, bem como para mobilizar, trazer mais empresas e toda a sociedade para esse processo. Mas será preciso, sobretudo, ter os valores éticos como centrais na transição para a nova economia, porque, se persistirem as desigualdades e a exclusão, não haverá sustentabilidade”, conclui Paulo Itacarambi.
Por Celso Dobes Bacarji, para o Instituto Ethos
Para aderir a esta plataforma, acesse www.ethos.org.br/plataforma
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente essa Postagem